O que diz a pesquisa Quaest de agosto/25?

Quem ganha e quem perde com o tarifaço de Trump?

Quem ganha e quem perde com o tarifaço de Trump?

O tarifaço de Trump acabou fortalecendo Lula

O tarifaço de Donald Trump contra o Brasil foi apresentado pelo presidente estadunidense como uma resposta às decisões do STF, especialmente à atuação do ministro Alexandre de Moraes, no julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Mas, na prática, o que era para ser um revés para o governo brasileiro acabou se convertendo em um ganho político para Lula. A pesquisa Genial/Quaest de agosto de 2025 mostra isso com clareza. Não apenas a aprovação ao governo subiu para 46%, como também a maioria dos brasileiros declarou que o presidente está certo na condução da crise com os EUA. Já Bolsonaro e seus aliados ficaram com apenas 28% de condução certa com os EUA, sinal de que a tentativa de transformar as sanções em narrativa favorável ao ex-presidente não encontrou eco na população fora da bolha da extrema-direita.

Soberania nacional como escudo político

Um dos achados mais relevantes da pesquisa é que a população enxerga Lula defendendo o Brasil diante de Trump, e não apenas se promovendo politicamente. Esse resultado fortalece a imagem de estadista; alguém que, diante da pressão externa, atua como guardião da soberania nacional. O governo tem reforçado esse discurso ao anunciar novos acordos no âmbito dos BRICS, especialmente com China, Índia e Rússia, como forma de reduzir a dependência em relação aos Estados Unidos. Assim, Lula transforma a crise em oportunidade para se apresentar como líder global de um Brasil mais independente.

A ineficácia da pressão de Trump em favor de Bolsonaro

Outro dado importante: a maioria dos brasileiros não acredita que a postura de Trump possa reverter a inelegibilidade e a condenação de Bolsonaro. Isso fragiliza a aposta do bolsonarismo em se apoiar no presidente dos EUA como salvador. Na prática, a Quaest mostra com esta última pesquisa que o eleitorado brasileiro percebe a crise como um conflito político, mas não como um instrumento capaz de alterar decisões jurídicas internas.

Imagem: Diário de Pernambuco

Eduardo Bolsonaro e a percepção de interesses familiares

A pesquisa também revela um desgaste direto para Eduardo Bolsonaro. Questionados se ele defende os interesses do Brasil em sua atuação internacional ou apenas os da família, a maioria respondeu que ele atua em benefício próprio e familiar. Esse resultado é péssimo para a imagem de Eduardo como possível herdeiro político do pai: em vez de aparecer como líder com visão global, ele é visto como alguém voltado para os negócios do clã Bolsonaro.

Eleições 2026: o medo do eleitor e a falta de alternativa viável na extrema-direita

Nos cenários eleitorais, Lula aparece à frente em todos os confrontos de segundo turno. Contra Eduardo Bolsonaro, vence por 47% a 32%. Mesmo diante de Tarcísio de Freitas, nome mais competitivo da direita, Lula mantém vantagem.

Um dado simbólico reforça a força do presidente: para a maioria dos entrevistados, o maior medo não é Lula continuar, mas sim Bolsonaro voltar ao poder. Isso confirma que o antibolsonarismo segue sendo mais forte do que o antilulismo, ao menos neste momento. Tarcísio aparece como alternativa viável caso Bolsonaro não seja candidato, mas ainda carece de densidade nacional. O bolsonarismo, a um ano do início oficial da campanha eleitoral, mostra dificuldade em renovar sua liderança.

Conclusão: quem saiu maior da crise

A análise da Quaest permite afirmar que, até aqui, Lula conseguiu transformar um potencial desastre em ativo político.

  • O eleitor médio o enxerga como defensor do Brasil diante de Trump.
  • Bolsonaro não conseguiu capitalizar a crise, e seu filho Eduardo sai enfraquecido.
  • A pressão dos EUA não convence o brasileiro de que pode salvar a candidatura do ex-presidente.
  • O medo de Bolsonaro voltar é maior do que a rejeição a Lula continuar.

Em resumo: ao tentar punir o Brasil, Trump acabou dando a Lula a chance de reforçar sua imagem de estadista. E, por enquanto, o eleitorado parece ter entendido o recado: Lula saiu maior da crise, enquanto a direita segue sem rumo definido para 2026.